segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Roupas limpas num corpo sujo...

Ele foi criado pela "Dona Rua".
Sua infância foi cheia de adrenalina e grandes aventuras.
Suas brincadeiras diárias eram: esconde-esconde, corre-cotia, pega-pega, desenhar nas sombras... Seu perfume vinha na embalagem do asfalto, onde se pisava todos os pés, onde muitos vermes eram despejados. Quem o abraçava todas às noites eram as folhas de jornais e quem o acariciava eram os papelões rasgados. Seu banquete era feito das melhores sobras e migalhas e quando sentia que o banquete faltaria, decidia tomar "alguns" emprestado.
Cresceu sem identidade. Embora, todos ali, o conhecessem como Zézinho. Zé do Nada.
Zézinho, em uma de suas brincadeiras diárias, se deparou com uma senhora muito doce que ao olhar pra ele, sentiu uma tenra compaixão. Mas, Zézinho, embora transmitisse ser muito corajoso, era desconfiado e inseguro e ao se deparar com o olhar da senhora ficou como que hipnotizado. Seus pés não conseguiram sair do lugar e ele sentiu seu coração bater um pouco mais acelerado. Aquela senhora, aproxima-se de Zézinho e pergunta: "Filho, você está com fome?" Ele meio desconfiado e atordoado por causa da brincadeira que fazia à pouco, responde: "Sim, estou!" Aquela senhora sorri e pede pra que ele espere por ela. Ele já havia se alimentado com o seu banquete e brincado de pega-pega, mas sabia que seu estômago reclamava o tempo todo, como se fosse um saco furado. De repente, a senhora aparece novamente, com uma sacola em uma mão e na outra, roupas limpas e perfumadas. Ah! Os olhos de Zézinho se arregalaram e pegou o presente sem agradecer (no seu mundo, obrigado era uma palavra incomum). Aquela doce senhora o convida a acompanhá-la à uma reunião no salão de festas de uma igreja próxima. Zézinho sabia onde era e muitas vezes, sentiu o desejo de estar ali, mas toda aquela gente era diferente dele e pareciam indiferentes com ele também. Ele pensou por uns instantes e viu que não tinha nada a perder e aceitou o convite. Correu pra debaixo da ponte, se enfiou num buraco onde fazia sua "refeição" e se colocou a roupa nova que havia ganhado. Embora, parecesse um nobre garoto, ele não havia tomado banho para usá-la, então, olhou pra senhora e perguntou se ela não tinha um perfume. Ela sorriu e entendeu a mensagem do garoto; dentro de sua bolsa, sempre carregava um pequeno frasco de perfume e delicadamente, espirrou sobre o "cangote" do menino. E eles caminharam juntos até a igreja. Com o passar do tempo, Zézinho começou à frequentar a igreja e à mudar de vida também. Os que o observavam com indiferença ainda não costumavam se aproximar dele, mas havia um grupo de jovens que o abraçou e o amou do jeito que ele era. Esse amor, fez com que Zézinho fosse sendo transformado dia após dia. Ele foi convidado à morar em um "palácio real", começou ir à escola, passou à se alimentar de um banquete cheio de fartura, aprendeu à tomar banho e também dormir em um abraço mais aconchegante e fofo, "cama". A vida de Zézinho não podia ser comparada em nada com a antiga vida que levava. Já tinha conhecimentos, era bem alimentado, tinha com quem conversar, aprendeu o valor de estar limpo e perfumado, mas precisava aprender também à trabalhar. E essa, foi uma das tarefas mais árduas para ele. Já tinha acostumado à viver sendo sustentado pelos outros e ter tudo que era necessário pra viver. Mas, Zézinho já era grandinho pra ficar na sombra de pessoas que o amavam. Era hora de aprender a labutar. No início, parecia ser muito difícil; ele embalava todos aqueles produtos e levava até o carro dos consumidores. Trabalhava durante todo o dia. Zézinho tinha uma rotina de vida. Acordava, trabalhava, estudava e dormia...
Acordava, trabalhava, estudava e dormia... Acordava, trabalhava, estudava e dormia... Até... Até que um dia, cansado da rotina, chega em sua casa e começa à abrir mão de algumas coisas essências: deixou de tomar banho, porque era muito cansativo chegar do trabalho, se despir, tomar banho, se vestir e comer. Então, decidiu abreviar esse pedaço da rotina e ao chegar do trabalho ia direto pra cozinha. Embora, suas roupas, sempre estavam limpas e perfumadas, não dava pra esconder o perfume corporal de Zézinho. E pra piorar, ele achava que passando algum perfume ninguém notaria a falta de banho. Afinal, usava roupa limpa e perfume forte. O cheiro começou à virar o estômago de muita gente e muitas pessoas começaram à se afastar. Ninguém tinha coragem de dizer à ele sobre o seu odor, era constrangedor. Zézinho, nem percebia que cheirava mal. Talvez, o costume da vida de rua ainda estava impregnado no íntimo do seu ser. Aos poucos, com o passar do tempo, Zézinho começa à perder tudo que ganhou: trabalho, amigos, refeições, casa... e ele volta à sua antiga casa. Dona Rua o recebe com desdém, a sua volta não seria tão fácil, pra merecer viver ali novamente, também teria que trabalhar. Seu trabalho era como as brincadeiras de esconde-esconde e pega-pega. Tinha que pegar rapidamente alguns objetos sem ser pego e esconder no seu esconderijo secreto, debaixo da ponte. Começou à ganhar dinheiro rapidamente, quando teve por chefe um homem que parecia segurança por carregar tantas armas. Esse homem vendia uns "pó" que deixava a galera muito animada e descontrolada. Zézinho já tinha visto na sua infância muitos usarem aquele pó e sabia que aquilo dava sensações boas, pelo menos, nas horas de solidão e angústia, parecia ser um bom remédio. Zézinho começou à se afundar e querendo sair daquela vida, tentou "trabalhar" por roupas novas pra visitar sua antiga casa. E ele "trabalhou" e "trabalhou" muito. Até um dia, que se deparou com aquela senhora que o ajudara no início de sua nova vida. Ao vê-lo, lágrimas surgiram em seus olhos e ele constrangido se aproximou cabisbaixo. Ela não hesitou, o puxou para si e o abraçou. Ele? Chorou.
Ele pediu roupas novas porque queria muito voltar à viver a vida que ela havia apresentado pra ele e ela aceitou ajudá-lo novamente. Porém, ele, Zézinho, ouviu uma frase que mudou a sua vida por inteiro: "Lembra-te de onde você caiu? Roupas limpas em corpo sujo não te torna um homem limpo." Zézinho entendeu que tinha tido um encontro com a Verdade na infância, mas por ter dado uma pequena chance ao seu passado, a "mentira" o pegou de jeito e o levou para o fundo do poço.
Uma coisa é certa, Deus diz que: Ele endireita os caminhos tortuosos e transforma o ermo em veredas. Você se lembra onde caiu? Onde foi que levou o tombo? Sim, há esperança! É só voltar ao Caminho, trilhar a Verdade e encontrará a Vida que tanto almeja: JESUS CRISTO!
Deus te abençoe!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Um mico fresquinho saindo...

Antes de ler as linhas abaixo, por favor, levante sua mão direita (na altura da cabeça) e repita em alto e bom som:
"Eu (eu blablablabla 'bla...é seu nome'), prometo (prometo) não rir (não rir) e nem zombar (e nem zombar) da Tininha (da Tininha) nem enquanto leio (nem enquanto leio) e nem depois (e nem depois). Amém (amém....)"
Um folêgo antes de começar...
Bem, não sei se todos sabem, mas pagar micos é algo que faz parte da minha jornada aqui na Terra. E há pouco, mais muito pouco tempo, paguei um que só não foi pior porque não fui à vias de fato.
Nesses dias, comprei um hidratante muito gostoso, um perfume que além de relaxante tem um cheirinho maravilhoso de bebê. Geralmente, despejo o conteúdo em uma embalagem graciosa que tenho. Ao despejar o hidratante, ainda ficou a metade do potinho pra preencher então, decidi comprar mais um pra completar.
Fui ao mercado, pertinho aqui do sítio, quando os meus olhos viram o "hidratante" na prateleira com um precinho maravilhoso. Não pensei duas vezes e comprei.
Chegando em casa, despejei o produto no meu potinho toda feliz, porém, percebi que a cor do hidratante que eu tinha não era a mesma que eu havia acabado de comprar. Pra piorar, chaqualhei o potinho com o "hidratante" despejado no momento, com todas as minhas forças. Notei que, além das cores continuarem diferente, o hidratante ficou aguado. Mas, não dei muita importância, pensei que deveria ser algum daqueles produtos falsificados, barateados... pelo menos, o perfume era o mesmo.
Ontem, depois de tomar um banho relaxante, fui me deliciar com o abençoado creme hidratante. Quando passei na pele, aquilo parecia cola, quanto mais esfregava, mais branco ficava e quanto mais branco ficava, mais minha pele ficava grudada. Fiquei doida... E comecei a conversar comigo mesma: "Como o ser humano é cruel, só falta ter cola nessa bagaça e colocaram a essência do hidratante com água pra disfarçar..."
Mas, fiquei intrigada, porque em poucos instantes o hidratante foi absorvido pela pele mas ainda me sentia um tanto desconfortável.
Decidi na mesma hora, que no outro dia, iria no mercado reclamar do produto falsificado e pediria a devolução do dinheiro.
Fui pra sala.
Assistindo TV com meus pais, minha cabeça não parava de pensar em como eu poderia resolver o problema do hidratante, foi quando uma lâmpada pequenininha se acendeu no meu cérebro. Plim! Será que você, realmente, comprou um hidratante, Tininha?
Corri pro quarto, peguei a embalagem e comecei a fazer as comparações.
Tamanho das embalagens: igual.
Cor das embalagens: uma é mais roxinha a outra não tanto.
Fragância: igual.
Conteúdo: um era hidratante e o outro... SABONETE LÍQUIDO.
Não acreditei!!! Eu tinha jurado que havia comprado um hidratante... como pude me enganar tanto??????
Como dormi? Me sentindo ensaboada!!!!
Agradeci à Deus, pelo fato de não ter goteiras no meu quarto já que lá fora a chuva caía sem parar... se houvesse goteiras, minha cama seria uma bela banheira...
Fiquei pasma, desacreditada... adormeci rindo...
Agora, imagina você, se eu vou ao mercado reclamar do produto...
Se eu chego no gerente e digo que eles tem um fornecedor que vende produtos falsificados...
Misericórdia... não seria um mico, mais um king kong daqueles...
Agora, depois de tudo isso ter passado, fico pensando: Não agimos assim, no nosso dia a dia!?
Às vezes, temos convicções de algumas atitudes que tomamos, tendo a certeza que foi a correta e quando percebemos nos enganamos.
Quer um conselho?
Observe detalhes, letra por letra, palavra por palavra e não se permita comprar gato por lebre.
Perdi meu hidratante, mas ganhei um sabonete líquido que é melhor que o Dove. Não tem ¹/4 de hidratante, e sim, 4/4...
É, se não fosse eu, não teria acontecido.
Deus, por favor, tenha misericórdia de mim!