domingo, 17 de outubro de 2010

E você? Vem?

- Vem!
- Não sei... Tenho medo.
- Vem!
- Não sei se consigo...
- Vem!
- Sou muita fraca, imperfeita, limitada...
- Vem!
- Tenho medo...
- Vem!
- Não compreendo! Por que insiste?
- Vem!
- Por que eu?
- Vem!
- Não suportará o que sou e logo me abandonará...
- Vem!
- Cometo erros, falho, magoo, decepciono,...
- Vem!
- Sou orgulhosa, teimosa, medrosa, indecisa...
-Vem!
- Meus pés são vacilantes, tropeço o tempo todo, fujo quando o desafio parece ser maior do que eu...
- Vem!
- Não entendo! Não compreendo!
Um silêncio toma conta do ambiente e Ele a toca com uma ternura jamais sentida. A graça e a misericórdia dão as mãos e sorriem e o amor se espalha pelo ar com um aroma inigualável.
Ela se sentia débil demais pra aceitar o convite. Nem no espelho conseguia se ver...
Mas Ele não se importava com o que ela era no presente porque sabia que o seu futuro era tão precioso que ela jamais poderia imaginar.
- Vem!
Ela chorou e sentia o desejo de correr e lançar-se aos Seus braços mas tinha vergonha de ser quem era. Sentia um constrangimento de um gesto tão amoroso que ia muito além de sua compreensão.
- Vem!
Ele sorriu e a tocou sem puxá-la. A decisão era dela e Ele sabia que não era fácil lidar com os seus sentimentos tão diversos por ser quem era. Ele não desiste. Ele insiste.
- Vem!
Ele olhou em seus olhos.
- Vem!
Ele tocou em seus ombros.
- Vem!
Ele deu um passo pra trás. Não porque desistira mas porque Ele queria vê-la tomando a decisão de segui-lO livremente.
- Vem!
Ela chorou.
-Vem!
Ela ajoelhou.
-Vem!
Ela estendeu as mãos.
- Vem!
Ela permitiu que Suas mãos tomassem as suas.
Ele abaixou-se e a tomou em Seus braços apertando contra seu peito o seu corpo tremendo. Cantou uma canção suave e sussurrou palavras de amor.
Ela se entregou e mesmo sem compreender tamanho amor descobriu que era impossível viver sem Ele.
Uma gratidão tomou conta do coração da pequena e a essência do Amor a acompanhou até atravessar a eternidade...

E Ele continua insistindo...
Agora, convidando você:
- Vem!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Brincando com o céu

Triste era a sua vida aos olhos de quem o observava.
Sempre quieto em seu pequeno quarto, protegido de um mundo que não era seu.
Não tinha amigos e nem inimigos era só um ser relacionando consigo mesmo.
Em seu mundo limitado e pequeno brincava com os céus, falava com a lua, sorria pra cada estrela que apontava e adorava montar bichinhos em sua imaginação com as nuvens que se formavam...
Talvez, você me pergunte: "Quem nunca brincou com o céu?" E eu lhe responderei: "Todos! Mas como este pequeno ser, ninguém!"
O céu era a sua liberdade!
Ele deitava no chão de seu quarto e por horas fitava o imenso azul através de sua janela que sempre estava aberta... Era como se os seus olhos fossem sugados pelo infinito que ele jamais tocara.
Ria ao ouvir da lua os segredos de cada estrela sapeca que aprontava na galáxia e chorava com as nuvens ao vê-las tristes derramando a chuva.
Sua pureza e inocência emocionava a todos que o observavam, nada o feria em seu pequeno mundo.
Quem o observava sentia pena mas essa era uma palavra que ele jamais conheceu, não tinha tempo pra sentimentos pequenos. Sua alma e coração possuíam a grandiosa felicidade e até em suas dificuldades não se deixava abater. Era corajoso mais do que muita gente "normal".
Quando recebia visitas de alguns de sua família soltava uma gargalhada gostosa, beijava as faces presentes e corria ao redor de cada um como se houvesse descoberto um tesouro.
Sua simplicidade e força de viver contagiava a todos que o conheciam.
Mas sua vida já não cabia mais em seu pequeno corpo, suas limitações o impediram de descobrir o universo.
Partiu sem deixar herança, mas deixou sua marca!
Por ser altista ensinou que a vida mesmo sendo tão curta e frágil pode ser bem vivida!
Antes de fazer a sua viagem final, olhou aos céus e cantou uma canção que acabara de fazer:
"Um dia vou passear com as estrelas que piscam, ainda vou caminhar na trilha das pequenas nuvens e vou sussurrar no ouvido da lua o que me faz tão feliz... O céu é o meu jardim!"


domingo, 3 de outubro de 2010

Sussurros de vida

Suas mãos teceram os fios da vida.
Seu sopro fez a doce brisa tomar forma dentro de mim.
Seu olhar atraiu-me com a graça que fluía em Seu ser.
Suas mãos tomaram, gentilmente, as minhas e aceitei Seu convite de caminhar pelos vales e altos montes, por desertos e florestas...
Quando sinto que meus pés estão feridos da caminhada, faz com que eu suba sobre os Seus pés e ao caminhar me tira pra dançar.
Seu amor não compreendo, não desiste jamais de mim...
E eu, que tantas vezes, na minha fragilidade tentei abrir mão de ser o que me chamou pra ser.
Já me olhei no espelho e algumas vezes, vi minha imagem distorcida.
Já me olhei no espelho e também vi uma menina que procurava abrigo nos braços de Seu Pai.
Não ouso falar, aprendo com Você no silêncio.
Seus atos de bondade constrangem-me ao ponto de perder o chão.
Sua lealdade é o meu cobertor nos dias frios.
Sua graça e perdão lapidam meu ser...
Suas mãos teceram-me e Seu trabalho não parou...
Rasgo-me como um tecido velho e Suas mãos com tanto carinho tomam e refazem-me de novo.
Rasgo-me com a fragilidade dos meus erros e da minha estrutura tão cheia de rachaduras e Suas mãos com amor tocam, reconstroem e valorizam-me!
Sussurraste em meus ouvidos que sou Seu poema, fechei meus olhos e fiz desse poema uma canção pra agradecer por ter a honra de Lhe pertencer.
Sou Seu poema, antes em folha empoeirada e amarelada...
Sou Seu poema, agora em folha limpa e escrita com esperança.
Sou Seu poema e Você o Autor da minha vida!

sábado, 2 de outubro de 2010

À procura dos meus versos



Sinto uma dor fina quando desejo derramar em uma folha qualquer os versos que nascem dentro de mim.
A dor nasce da angústia de sentir-me sufocada em desejar ver os versos fluirem na correnteza das linhas e perceber que as comportas se fecharam.
Não sei como posso abrir...
Minha alma clama, brada pra que as palavras sejam libertas.
Eu choro, lamento, silencio, emudeço...
Permito-me sentir a dor dessa procura na ânsia de desejar vê-las surgir como o sol no amanhecer, que aos poucos lança seus raios sobre a terra, trazendo a luz, calor e a beleza que me cerca...
Nada!
Onde estão? Por que fogem?
Meu corpo sente o burburinho que os versos produzem na alma...
Minha mente se transforma em uma galáxia onde os pensamentos mais diversos flutuam sem gravidade...
Não há letras... Não há palavras... Não há versos... Nem poemas...
Só sentimentos...
Querem explodir! Gritam por liberdade...
Seu brado é silencioso. Somente eu as ouço, somente eu as sinto...
Ai, que dor fina que fere minha alma, desfalece meu coração...
Enquanto as letras fogem para o deserto, sinto que em mim há uma multidão desvairada, enlouquecida no trânsito das emoções...
E permaneço à procura dos meus versos...
Não...
Não desistirei!