quarta-feira, 20 de maio de 2015

Que saudade de você...


A saudade que mais dói é daqueles momentos que não tive com você.

Chorei...

As lembranças vieram: seu rosto, seu jeito, seu sorriso, seu olhar, seu cuidado...

Então senti dor.

Dor da saudade.

Saudade dos momentos que não vivi ao seu lado.

Saudade dos beijos que você não roubou.

Saudade dos teus braços me apertando contra seu corpo que nunca foram dados.

Saudade de andar de mãos dadas na pracinha que nunca existiu.

Você não iludia, você iluminava...

Saudade dos nossos olhares e da nossa única dança.

Saudade das nossas conversas e dos nossos silêncios.

Tanta coisa pra se dizer e nada foi dito.

Foi a falta de coragem? Ou foi o medo de machucar?

Não importa mais...

Sinto dor de qualquer jeito.

Guardo comigo a nossa única fotografia e ainda ouço você no portão me dizendo: 'Você está linda!'

Ah! Que saudade de tudo aquilo que poderíamos ter vivido. Mas não vivi...

A vida achou que era hora de você partir.

Você se foi. Eu fiquei.

Você e a foto.

Eu e a saudade...

***

Texto que escrevi especialmente para o site do Scribe

domingo, 17 de maio de 2015

E com vocês: Lila


"LILA" from Carlos Lascano on Vimeo.

Graciosidade, delicadeza, beleza e arte são alguns dos ingredientes dessa história linda.
Assista com o coração aberto... =)

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Vida na tela


A tela fica mais gostosa sem aplicativos e programas

Tenho andado mais 'off' que 'on' e posso garantir que tem sido maravilhoso. Ganhei mais tempo pra desfrutar aquelas coisas boas e simples da vida.

Sem pressa...

Sem horário pra chegar e sair...
Ah! A vida não é uma tela cheia de programas e aplicativos, mas uma tela imensa esperando por cores, desenhos e vida.

Ganhei tempo e lições, ganhei lições e tempo...

Lições de vida, histórias de família guardadas na gaveta do passado. Todas empoeiradas e esquecidas.

Tempo para ouvir, escutar, refletir, pensar, repensar, aprender, aprender, aprender...

Essa tela tem mais vida. As cores caminham e se entrelaçam com graciosidade. Os pincéis brincam feito crianças soltando pipas coloridas no céu.

Nesse tempo descobri que as coisas aparentemente bobas podem ter um valor imensurável.

Tempo delicioso e trabalhoso ao ter que ajudar meu pai a trocar a bomba do poço que já não funcionava mais. E que poço fundo...

Quantos segredos podem ser guardados no poço que há em nossa memória?

Deliciava-me quando sentava debaixo de alguma árvore e degustava o sabor do seu fruto. Só corria quando as abelhas percebiam que eu disputava com elas o doce que havia nos gomos pendurados.

Tempo pra perceber que o tempo é veloz demais e o rosto liso e macio de meus pais agora já estão enrugados. Mas quanta sabedoria possuem consigo.

Tempo pra brincar de 'mamãezinha' com a minha sobrinha de 4 aninhos e vê-la cair na risada nas 'besterobas' que a titia faz. Sua risada é um universo estrelado que ilumina a mais densa escuridão.

Como perder momentos como esses?

Então, vivo nesse alto e baixo de 'off' e 'on' e não perco mais a beleza que só a tela da vida possui.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Segredos e esconderijos

Ilustração: Antonio Mora
A dor que esconde a felicidade


Ela sorria e ninguém entendia

Sua face não tinha brilho

Mas o sorriso estava lá

Era seu rosto um esconderijo?

Ah! Pobre menina

Não enganava ninguém

Somente a si mesma

Quem não iria perceber as suas mãos trêmulas?

Não queria que ninguém soubesse da ferida que estava aberta

Não deixava que ninguém se aproximasse de sua dor

A felicidade é um pacote que carregamos todos os dias?

Não é a mochila que carregamos algumas cicatrizes que pode nos tornar mais humanos?

Ela não queria humanidade...

Ela queria ser o que não era, ter o que não podia e viver uma vida que não era sua.

Uma criança se aproxima carregando em suas mãos um pequeno espelho

Olha para ela com um sorriso verdadeiro e a convida para ver seu reflexo

Um susto!

A imagem que havia ali não podia ser dela...

Rugas, olhos cansados, lábios feridos, olheiras...

"Não! Não sou eu!" - gritou com a criança como se essa tivesse culpa.

A criança a fitou com amor num curto espaço de tempo que parecia ser uma eternidade

Seria a criança capaz de trazer as revelações e segredos que a pobre mulher tanto procurou esconder?

Enquanto a criança tomava seu rumo, lentamente... A mulher caiu no chão.

Aquela era a criança que ela tanto tentava se esconder

Era a dor que ela pensava não suportar carregar
Era a lapidação que ela tinha medo de enfrentar
Era a alegria que ela tinha medo de encontrar