terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A semeadora de palavras


O sol rompeu com força e o céu era uma aquarela magnífica

Nas mãos da pequena menina um punhado de sementes.

Mas não eram sementes qualquer, o formato era estranho.

Algumas tinham furinhos, outras eram delineadas e ainda outras um tanto tortas...

Com as pequenas mãos acariciou a terra e fez um buraco que cabia a palma de sua mão.

Plantou algumas sementinhas e acariciou a terra novamente fazendo com que a terra abraçasse as sementes com carinho.

Regou com sorrisos.

Regou com uma esperança desconhecida.

Novamente acariciou a terra e fez mais alguns buracos até que todas as sementes estivessem repousando como uma criança dentro de um cobertor bem quentinho.

Regou com sorrisos.

Regou com uma esperança desconhecida.

Vieram dias nublados e dias ensolarados.

Vieram tempestades e dias com cara de felicidade.

Até que um broto surgiu delicadamente e tímido.

Vieram dias chuvosos e dias com um lindo arco-íris.

Vieram dias de lágrimas e dias de sorrisos.

A primeira flor nasceu anunciando que o fruto logo surgiria.

Até que em uma manhã, o coração da pequena amanheceu com uma alegria que não cabia dentro dela.

Não sabia o motivo...

Era uma daquelas alegrias que nos rouba sorrisos e nos faz dançar mesmo sem música.

Diante dos olhos da pequena uma árvore nunca vista: flores de todas as cores e um aroma jamais sentido antes...

Ela sentou-se debaixo da árvore acreditando que o milagre era a sombra e também as flores que seus olhos conseguiam enxergar, até que um vento soprou suas notas musicais e o primeiro fruto caiu em seu colo.

Seus olhos se encheram de lágrimas...

Um sorriso tomou conta de todo o seu pequeno rosto...

Delicadamente abriu o fruto e saboreou seus gomos.

Era doce e um tantinho ácido... Mas era delicioso!

E como num passe de mágica... De seus lábios brotaram os mais lindos e inspiradores poemas e poesias.

Foi quando ela descobriu que havia sido escolhida desde o ventre de sua mãe para ser uma semeadora de palavras.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Uma taça, por favor!

Façamos um brinde aos dias tristes. Sem eles não haveriam sorrisos.


Dias difíceis nunca são fáceis de lidar.

E ela sabia disso muito bem...

Precisou aprender sozinha a se virar em todas as situações e mesmo sentindo as forças se esvaindo e a esperança se dissipando paulatinamente, ela ainda lutava pra se virar.

Até que em um dia daqueles em que o céu está cinza, a rua deserta, o vazio é gritante e a dor parece estrangular a alma... Ele surge!

Ela chorava compulsivamente...

Ele silenciosamente se aproximava com cuidado.

Gentilmente, Ele estendeu suas mãos e recolheu cada lágrima em uma taça e a guardou consigo. Passados os dias, aquelas lágrimas se tornaram em uma bebida doce e suave.

Levou até ela e pediu para que degustasse cada gole devagar e com o coração aberto.

Nasceu o sorriso!

***
Texto que escrevi para o Scribe