sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Lição de Dôra Doriana

A manhã estava linda...
O sol bateu na janela com aquele 'sorriso' que preenche qualquer vazio que insiste em continuar naqueles dias frios.
O jardim recebia o brilho do sol como se fosse um mergulho na própria vida.
As flores exalavam um aroma tão gostoso e as cores de suas pétalas eram confundidas com as asas das borboletas que dançavam no ar.
O beijo-flor azul enamorava as flores encantado com tamanha beleza.
Não.
Não era uma beleza qualquer...
Era como a beleza de Dôra Doriana.
Dôra Doriana era uma mulher sofrida, pele queimada de sol, rugas nos olhos e testa, mas o sorriso dava um ar tão jovial àquela face que chamava a atenção de todos que a rodeavam e até de quem a desconhecia.
Dôra Doriana, era mulher na carne. Na alma, menina.
Os anos castigavam seu corpo, porém continuavam intactos o seu desejo de viver e apreciar o que muitos já desaprendera.
Gostava de conversar com as rosas. Seriam amigas desde a infância?
A brisa da manhã tocava em sua face e Dôra Doriana ria como se fossem cócegas naquele rosto marcado pelo tempo.
Adorava quando a chuva a visitava sem marcar hora. Ela não tinha agendas. Seu horário estava sempre à disposição da vida.
Dôra Doriana era uma mulher que carregava muitas cicatrizes mas não deixava que nenhuma dessas trouxessem a dor das lembranças. Ela sabia que o passado já não mais existia e que estar no presente era o presente mais bonito e gracioso que poderia usufruir.
Tantas marcas...
Tantas dores...
Nada disso a fez perder o brilho dos olhos e compartilhar aquele sorriso contagiante.
Dôra Doriana aprendeu a viver naquele mundo rotineiro. Cotidiano simples.
Mas acima de tudo... Aprendeu não a sobreviver... Viver!
E tudo isso, porque deixou de correr para contemplar.
Contemplar a beleza da vida.
A beleza que há em viver.