domingo, 16 de agosto de 2009

Um ato de coragem ou seria de amor?

Seu coração batia forte, já não sentia mais suas pernas.
Os destroços a rodeavam sufocando sua força e vontade de continuar viva.
Homens fardados sussurravam, alguns deles tentavam encontrá-la naquele funil.
Ela já não tinha forças nem pra chorar, suas lágrimas foram acolhidas pelas ferramentas dos bombeiros que a acharam toda ensanguentada.
- Você se lembra como tudo isso aconteceu? - o bombeiro puxa uma conversa...
- Só lembro de um carro vindo em minha direção e nada mais... Tudo se apagou! - ela sussurrava sentindo dores.
Em questão de minutos, a sirene tocava insistentemente.
Um momento acordada...
Um momento apagada...
Depois de alguns instantes, ela recebe a notícia: "Querida, você precisa ser muito forte. Você não poderá mais andar e também... também não poderá ser mais a mãe que desejava ser."
Silêncio. Silêncio amedrontador...
Uma lágrima escapa e um murmúrio dolorido foi pronunciado: "Perdi tudo que tinha! Perdi minha vida!"
Um homem pega na mão da pobre mulher e acaricia como se fosse a mão de um bebê. Ele não diz nada, não havia nada à ser dito.
Já sem suas pernas e tendo um ventre estéril, sentada na sala, perto da janela chora baixinho, não queria que ninguém a visse assim. Mas seu esposo que tão bem a conhecia, se aproxima e a beija, a aconchega em seus braços e afirma: "Minha amada, estou aqui!"
Ela chora compulsivamente e lhe diz: "Você pode ir!!! Vou entender!!! Não precisa ficar por pena, afinal, você tem toda a vida pela frente, você pode ter os filhos que tanto deseja, ainda pode ter uma esposa que caminhe com você e te siga por onde quer que vá... Não, vegete comigo... Não, você não precisa morrer comigo aqui..." - a dor que sentia era manifesta em cada lágrima corrente em face.
Ele ajoelhou-se aos seus pés, olhou firmemente em seus olhos, tomou as mãos dela e pronunciou com toda a verdade que seu coração carregava:
" Eu, André, recebo à ti, Julia como minha esposa, na alegria e na tristeza, na fartura e na pobreza, na bonança e na doença, para amar-te e cuidar-te até que a morte nos separe. Para isso, empenho a minha honra."
O amor venceu a barreira da deficiência e das perdas e gerou nova vida onde a morte era prometida.
Deus te abençoe!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradeço por desejar compartilhar seus pensamentos e opiniões sobre o que escrevi. Sinta-se em casa e lembre-se que o respeito faz toda a diferença ao manifestar seus comentários. ;-)