Sentado na grande pedra seus olhos se perdiam diante do imenso mar.
O céu parecia uma tela de pintura onde as cores se mesclavam em tonalidades quentes.
O vermelho, o laranja e o amarelo se misturavam docemente e mergulhavam no azul divinamente encantador das águas quentes do mar.
A pele queimada pelo sol, os cabelos agitados desvairados pelo vento e em suas mãos uma rede de pescar.
Homem rústico, pedra bruta. Mas escondia no fundo do seu ser um amor que ele mesmo precisava descobrir.
Peter sentia uma dor no peito, sua mente viajava em meio a turbilhões de pensamentos. Sentimentos de angústia e de culpa pairavam sobre seu ser.
Deixou que uma lágrima escorregasse pela face e se misturasse com a água salgada do mar.
- Vou pescar! – murmurou, descendo da pedra a caminho do barco na margem da praia.
Alguns de seus amigos que estavam por ali ficaram observando a atitude de Peter. Era fácil perceber que ele se sentia anestesiado com os últimos acontecimentos. Seus amigos não queriam deixá-lo sozinho:
- Vamos com você!
O sol adormecia lentamente, deitando seu corpo brilhante por trás do mar e a lua surgia toda exuberante brindando o anoitecer, acompanhada das estrelas que timidamente surgiam.
Durante toda a noite, Peter ficou calado.
Entre cada lançar de rede se questionava:
- Será que tudo foi real? Ou sonhei?
Nada pescaram e voltaram cansados e frustrados.
Mas quem era aquele homem assando peixe na praia? Onde ele conseguiu pescar? – Peter se assustou e ficou desconfiado.
Um amigo sussurra em seu ouvido:
- Peter será que ele é... Será que ele é quem estou pensando? – Peter sente um misto de alegria e de medo.
- Ei, amigos! Dia lindo, não acham? Vocês têm algo pra comer? – disse o homem virando o peixe na brasa.
Todos fitaram em seus olhos e alguém baixinho respondeu que não...
- Se quiserem uma boa pescaria, subam no barco e joguem a rede do lado direito. – deu um sorriso e uma piscada!
Confusos e sem saber por que, todos entraram no barco e obedeceram ao homem prontamente.
- Hei! Ajudem-me!!! A rede vai rasgar... – os pescadores desacreditados com o que viam começaram a se unir para poder chegar até a margem...
- Tragam aqui os peixes e vamos comer juntos! – disse o homem sorridente e com um olhar penetrante.
Ninguém ousava dizer nada, sabiam quem ele. Comiam quietos até que o homem chamou Peter de lado.
- Peter, você me ama? – disse o homem olhando nos olhos de Peter.
Peter se lembrou do dia em que o homem o chamou para se tornar um pescador de homens, do dia em que ele, o homem, curou sua sogra...
- Sim, você sabe que te amo. – disse baixinho...
Passou um tempo e o homem olhava novamente dentro dos olhos de Peter e lhe perguntou novamente:
- Peter, você me ama?
Peter se lembrou dos milagres, das conversas íntimas, da noite que cortou a orelha do policial antes da prisão do homem...
- Sim, você sabe que te amo...
Depois de mais algum tempo:
- Peter, você me ama?
Peter sentiu-se mal com a pergunta pela terceira vez e se lembrou do dia em que negou o amigo no momento em que ele mais precisava. A dor da culpa e a angústia brotaram de seus olhos em forma de lágrimas...
- Ah! Você sabe todas as coisas... Você sabe que te amo! – um soluço escapou e o choro surgiu levemente...
Peter não tinha idéia de que aquele era o momento da sua cura, da libertação da sua alma, do lapidar do seu caráter.
O homem abraçou Peter com sua graça e com um amor jamais visto e demonstrado por qualquer outro ser humano...
A história de Peter mudou. Sua história também pode ser mudada através deste mesmo homem: Cristo!
(Baseado em Jo. 21)
Deus te abençoe!
Linda releitura, interessante que sem o peso da teologia, ler esse momento faz pular o amor existente entre essas almas e o perdão se faz muito maior. Verdadeira poesia de Deus.
ResponderExcluirEscrevi certa vez, foi meu segundo poema, quando ainda não entendia como começar a escrever um poema. Escrevi o Salmo de Pedro, esse é no meu outro blog, olhe o link.
http://mangaepoesia.blogspot.com/2009/05/salmo-de-pedro.html