quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Doce água... Água amarga...

Sua correnteza era gentil e delicada
Em suas margens, arbustos e flores se deliciavam com o frescor
Límpida e doce abrigava seres que se desmanchavam de prazer em seu regaço
Sua dedicação com quem estava ao seu redor era de uma coragem indescritível

- O que é aquilo?

Algo ou alguém se aproximava
Mas tudo que se podia ver era um vulto
Aparentemente, parecia inofensivo
Pobre rio...

Pobre rio...

Anoiteceu e o vulto se aproximou mais
A lua minguante tentou ajudar com a sua luz fraca
Mas a escuridão parecia vencer
Sentado na margem, repousou alguma coisa no rio

Riu e se foi...

Água outrora doce, agora amarga
Água pesada, água suja

- Quem poderia ser tão cruel?

Os pássaros já não cantavam mais
As borboletas fugiram
Os beija-flores deixaram de enamorar as pétalas
E o rio conheceu o desprezo e a solidão

Nenhum rio pode sujar a si próprio
A maldade das matas conseguiu avançar em suas margens

A vida se transformou em morte
A doçura num amargo sem fim
A leveza se tornou em um peso jamais visto

Rejeição
Dor
Indiferença
Solidão

Quem pode culpar o rio pelo que lhe aconteceu?

Quem pode arregaçar as mangas e limpá-lo?

Todos que antes usufruíam de seu frescor agora meneiam a cabeça
A tristeza roubou as cores e o brilho do dia

Pobre vulto que mais tarde ao observar que sua atitude era mesquinha e arrogante
Percebeu que tirara a vida de quem tanto lhe ajudou e lhe refrescou

O rio já não era o mesmo
O vulto? Ninguém mais o achou...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradeço por desejar compartilhar seus pensamentos e opiniões sobre o que escrevi. Sinta-se em casa e lembre-se que o respeito faz toda a diferença ao manifestar seus comentários. ;-)