segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O chão que os pés não tocam

Ninguém é produto para carregar rótulos!


- "Incompreensível! Loucura! Só quer chamar à atenção! Não é deste mundo!"

Nunca se importou com o que os outros pensavam. Na realidade... Há tempos deixou de se importar. Percebeu que vivia presa na jaula do "o que vão pensar de mim" e que isso tinha se tornado um fardo insuportável de carregar.

Então, decidiu sonhar. Sonhar acordada. Brincar com seus pensamentos e rir alto mesmo se estivesse sozinha. Não ficaria mais preocupada se a rotulariam de louca ou coisa parecia. Ela sabia que a vida era muito curta pra se tornar uma embalagem vazia ou cheia de um conteúdo falsificado.

Se tinha vontade de dançar mesmo que a música fosse tocada somente em sua mente, ela dançaria aonde quer que estivesse e cantaria mesmo que a música fosse inventada.

Se a olhassem com aquele olhar de desprezo ou indignação e meneassem a cabeça como se estivesse fazendo algo muito errado, ela simplesmente sorria, piscava um dos olhos e continuava dançando e cantando.

Agora que havia descoberto a liberdade, nada e ninguém a aprisionariam novamente. Ela era livre!

Precisou pagar um preço alto por essa liberdade. Sentiu dor, teve perdas, foi abandonada e quase morreu. Mas foi bem aí que ela descobriu que a sua vida era como uma semente.

Uma árvore só nasce, cresce, floresce, frutifica se a semente morrer.

Sabia que a sua liberdade poderia libertar outros. E ela não hesitou...

Já não suportava ser uma pessoa diferente a cada ambiente que frequentava:

- Fale difícil que a admirarão! - dizia um.

- Cubra-se de roupas caras que a seguirão! - dizia outro.

- Não ande com gente simples e sem estilo! - dizia mais um.

- Jamais se esqueça da etiqueta ao sentar na mesa! - dizia mais um outro.

- Elegância é ter uma aparência caríssima, querida! - mais um aconselhava, ou seria imposição?

Nada disso fazia parte da sua alma...

Ela tinha um jeito simples de falar e fazia questão que todos que a cercavam a compreendessem. Sentia-se bem em usar roupas confortáveis para se movimentar como desejasse. Ela sabia que a maior riqueza estava em um lugar em que não se vê com os olhos e nem se toca com as mãos. Somente os pés a poderia levar lá.

Ela era só uma garota sonhadora que amava flores, poesia, música e esperava ser encontrada por seu príncipe. Mas não queria que ele viesse em um cavalo branco. Não! Nada disso. Ele viria caminhando pela neblina do alto da montanha em sua direção e a encontraria no jardim, recitando um livro de poesias e balançando seus pés no ar.

Uma alma livre e um coração puro era como se sentia feliz.

Ela percebeu que os conselhos que recebeu durante toda a sua vida vinham de pessoas vazias, sem vida no olhar, amantes de futilidades e status, apaixonadas por tudo o que é passageiro e cujo prazer é tão curto e mesquinho.

Ela queria mais...

Queria ser aquela lagarta que se liberta do casulo e descobre o mundo colorido e cheio de vida. Mundo de aromas, cores, versos e orvalho. Mundo de tempestades e também de sol. Mundo de estações e sensações. Mundo em que se descobre que é muito bom ser o que se é e se aceitar e se amar sendo quem é.

Simples assim...

***
Meu texto escrito e publicado no Scribe

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradeço por desejar compartilhar seus pensamentos e opiniões sobre o que escrevi. Sinta-se em casa e lembre-se que o respeito faz toda a diferença ao manifestar seus comentários. ;-)